quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Beladona, Meimendro e Mandrágora: As 3 Ervas das Bruxas da Idade Média

Associadas a bruxaria na Europa, porque permitiam fazer profecias e adivinhações, estas 3 solanáceas de composição química parecidas eram usadas para a preparação de ungüentos com as quais as bruxas se untavam e que as faziam voar. Este ungüento, conhecido como “fórmula de vôo”, era passado em certas partes do corpo, principalmente, as mais peludas e esfregado sobre o cabo de uma vassoura, que era colocada entre as pernas das bruxas como se fosse um instrumento de vôo.

Os efeitos alucinantes e a sensação de voar causado por estas ervas podem ser explicados pela presença dos alcalóides tropânicos escopolamina, atropina e hiosciamina, no ungüento. O nome dado ao
gênero Atropa vem de Átropos, uma das 3 parcas da mitologia grega, a inflexível, aquela a quem cabia
cortar a corda ou o fio da vida. As outras duas eram Cloto, a fiandeira e Laquésis.
Estas 3 divindades eram responsáveis pelo destino das pessoas. O nome Atropa faz jus aos usos letais causados pela ingestão de quantidades moderadas desta planta.
Atropa Belladona
A denominação belladona se origina da pratica comum entre as mulheres Italianas da Idade Média que pingavam nos olhos o sumo espremido das bagaspretas da planta para provocar a dilatação das pupilas. Ter pupilas dilatadas e brilhosas era sinônimo de beleza, daí o nome belladona que significa belas mulheres.

 Na mitologia grega, as mênades “com seus olhos de fogo”, se entregavam aos adoradores do deus Dionísio, nas orgias, para depois despedaçá-los e comê-los. É provável que ao vinho dos bacanais fosse adicionado sumo de beladona.

  Em doses pequenas aumenta a compreensão e facilita o trabalho intelectual. Provoca alterações da consciência. Os druidas consideravam-na uma planta medicinal valiosa e com a qual tentavam influenciar doenças causadas por demónios.






 
O principal componente do sumo dos frutos da
Atropa belladona é a atropina. Este alcalóide foi durante muito tempo a base de colírios usados em
tratamentos oftalmológicos para causar midríase. A atropina consiste na mistura racêmica de D-hiosciamina e L-hiosciamina, formada durante o processo de extração, sendo que os efeitos anticolinérgicos se devem praticamente à forma L. Já a atroscina é a mistura racêmica de D-hioscina e L-hioscina. A escopolamina
corresponde à L-hioscina que é muito mais ativa que a D-hioscina.


 

 Hyosciamus niger - Meimendro
Outra espécie de Solanaceae de importância histórica é a Hyosciamus niger , popularmente conhecida como meimendro ou belenho. Registros como o Papiro de Ebers, uma espécie de pergaminho, com escrita hieroglífica, deixado pelos antigos egípcios, indicam que esta planta era usada em poções medicamentosas cerca de 1500 anos a.C para aliviar a dor e induzir estado de total inconsciência. Na Grécia, o belenho era utilizado em envenenamentos, nas manifestações de loucura e para proferir adivinhações. Há indícios de que as sacerdotisas do oráculo de Delfos faziam suas profecias intoxicadas com o sumo das sementes do belenho. Entretanto, o emprego mais conhecido do belenho foi como ingrediente principal nos chamados ungüentos d e vôo preparados por bruxas como ingrediente principal nos chamados ungüentos de vôo preparados por bruxas. 

a mitologia grega, os mortos que vagavam as margens do Styx eram coroados com meimendro-negro, provavelmente por causa de sua capacidade de fazer esquecer a vida real. Advinhos gregos respeiravam a fumaça do meimendro, a fim de adivinhar o futuro. Foi usado ritualmente na Escócia antiga, para honrar os mortos.

Esta erva magia ainda é usada para consagrar vasos rituais e é um ingrediente em incenso para trazer chuva.

Meimendro-negro tem uma longa histório no uso medicinal. Todas as partes da planta, mas, sobretudo, as folhas e as sementes, podem ser usados – eles são levemente analgésico, antiespasmódico, diurético, alucinógeno, hipnótico, narcótico e sedativo. As folhas são colhidas no segundo ano, quando a planta está em flor, as sementes são colhidas maduras. Se as folhas estão machucadas, eles emitem um forte odor de narcóticos, como o tabaco. O princípio ativo de meimendro-negro é chamado Hyosciamia ou Hyoscyamus.

Meimendro-negro é um narcótico poderoso, mas, se não for usado de forma abusiva e inadevrtida, ele é considerado moderadamente venenoso. Para utilização como sedativo, ele é considerado melhor do que o ópio, uma vez que não produzem constipação. É utilizado principalmente para causar sono, e remover ação nervosa irregular. Combinado com outras ervas, é excelente para gota, reumatismo, asma, tosse crônica, neuralgia, irritações dos órgãos urinários, etc

*O hyoscyamus, um remédio homeopático feito a partir do meimendro- *O hyoscyamus é o remédio ideal para todos aqueles que têm problemas de comportamento, são assolados por sentimentos de confusão que podem mesmo revelar alguns traços de paranóia. É normal que o paciente apresente um comportamento incoerente, alternando com o excitado, que se ria a propósito de tudo e nada, e que se sinta como que deixado à parte do mundo em geral. Por também ser receitado para aqueles a quem foi diagnosticado doenças como o Parkinson ou a esquizofrenia.
No perfil do doente típico para quem esta planta está indicada também se encontra um certo exibicionismo a nível sexual.
Já a Mandragora officinarum , nativa da região do mediterrâneo e conhecida popularmente como mandrágora foi considerada uma planta mágica com diversas virtudes. Referências à mandrágora retrocedem as sagradas escrituras e a antigos manuscritos orientais. A Mandrágora se tornou famosa na magia e na bruxaria devido aos seus efeitos narcóticos e pela forma estranha de sua raiz. Sua raiz apresentava aspecto ramificado e
contorcido assemelhando-se ao corpo humano, fato que colaborou para seu consumo. De acordo com a
Teoria da Assinatura dos Corpos de Paracelso, estas raízes fariam bem para alma e para a saúde do corpo, devido as suas características morfológicas. A coleta da mandrágora era envolta em mistérios e crenças. Segundo a lenda, a mandrágora crescia perto dos patíbulos sobre a baba dos enforcados.
Uma das crenças admitia que a planta emitia gritos quando era arrancada da terra, e era capaz de enlouquecer quem a arrancasse. Uma das maneiras de obtê-la era prender a raiz na coleira de um cão fam into, e açoitar o animal. Este ao tentar a fuga arrancava a raiz e caia morto. 
Antigas escrituras dão dicas para colhê-la, sendo que é melhor na madrugada de sexta-feira, pouco antes do nascer do sol. Após colhida, lavar com vinho diversas vezes, embrulhá-la em seda vermelha ou branca. Todos os que usavam-na frequentemente afirmavam que o esforço valia a pena, o trabalho era compensado por seus benefícios mágicos e também medicinais.
Alemães usavam-na para feitiços e adivinhações, a talhando e cuidando com cautela, pois em sua crença, a raiz talhada e bem cuidada responderia aos questionamento de seus “donos”, como se criasse vida própria. Também há registros de usos para expulsar demônios, e quando desidratada, como amuleto de proteção.
Esta planta possui de 0,3 – 4,0% de alcalóides trop ânicos como a hiosciamina e hioscina, substâncias responsáveis pela amnésia causada pela ingestão dos frutos desta solanácea.
As três solanáceas descritas são fontes ricas de a lcalóides tropânicos. Estes alcalóides apresentam efeitos que diferem dos alucinógenos naturais 
Hoje em dia, seu uso persiste, principalmente para poder pessoal, proteção, amor e coragem. Para concentrar seu poder nela, deixe-a por três dias embaixo de sua cama, no período da lua cheia. Porém, é uma planta de origem européia, raramente encontrada no Brasil; às vezes é substituida por gengibre ou melão-de-são-caetano, seus substitutos mágicos.

Atualmente medicamentos contendo alcalóides tropânicos são utilizados para a diminuição de cólicas renais, em espasmos brônquicos, espasmos do trato gastrintestinal, e como anestésicos locais. Também são utilizados como antídotos em envenenamentos por inseticidas das classes dos organofosforados e dos carbamatos

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